Baten Kaitos Origins (BKO) é o segundo jogo da série Baten Kaitos, sendo uma prequela de
Baten Kaitos: Eternal Wings and the Lost Ocean, tendo sido lançado em 2006, ajudando a reforçar o line up final da
Game Cube. Ao contrário do primeiro que foi distribuído pela Namco, Origins só viu a luz do dia porque a Nintendo custeou os custos de distribuição do jogo, cortando a Europa do mapa, devido essencialmente às baixas vendas do primeiro jogo.
Por isso, para os europeus poderem jogar esta perola da 128 bits da Nintendo tem de adquirir um Freeloader e uma cópia NTSC do jogo da Monolith. Este processo pode, por isso, ser um pouco dispendioso, mas acreditem que o jogo vale cada cêntimo que por ele pedirem. Basta dizer que a equipa por trás de BKO é a mesma que deu à luz
Chrono Cross, e que o titulo da Game Cube cheira ao clássico da
PlayStation por todo o lado, ao ponto de muita gente o considerar como a sua sequela espiritual.
A Monolith chegou a equacionar em cancelar a versão GC de BKO e tornar o jogo num dos títulos de lançamento da
Wii, pois a Game Cube não era propriamente um sucesso comercial e em 2006 já estava praticamente moribunda, mas como a Nintendo se ofereceu para financiar a distribuição da versão GC e o jogo estava já numa fase avançada do desenvolvimento, a Monolith optou por ir em frente com o projeto.
Baten Kaitos Origins ocorre 20 anos antes dos acontecimentos de Eternal Wings and the Lost Ocean. O personagem principal é Sagi, soldado de elite dos Dark Services do Império Alfard e que é acompanhado por Guillo um Paramachina (fantoche mecânico criado para fins bélicos) que se revela bem mais importante do que à primeira vista fazia querer. O jogo começa com os Dark Services a receberem uma missão clandestina bem complicada de realizar: assassinar o Imperador Olgan. E é este o mote para uma das melhores e maiores aventuras da Game Cube, com uma história excelente e um
pacing arrebatador, onde não há momentos mortos e para encher chouriços, que servem só para aumentar artificialmente a longevidade de certos títulos. BKO é sempre a abrir.
À semelhança de Eternal Wings and the Lost Ocean, Origins utiliza um inovador Sistema de cartas, as Magnus, sendo que o equipamento das personagens (armas e armaduras) ou os itens são utilizados através de cartas, que são retiradas do deck durante as batalhas e são equipadas temporariamente. E este é exatamente um dos pontos mais fortes do jogo: organizar o nosso deck, de forma a levarmos para as batalhas as cartas mais poderosas. Cada deck tem um número máximo de cartas, por isso temos de fazer escolhas, tendo uma combinação harmoniosa de cartas de ataque, defesa, magia, cartas para recuperar HP, etc. As cartas de ataque tem também um determinado nível de poder de ataque, assim como um número, que deve ser utilizado para fazer os famosos combos.
Neste departamento dos combates por cartas, Origins apresenta algumas diferenças substanciais face ao primeiro jogo da série. Primeiramente os combates em Origins são divertidos desde o primeiro minuto, sendo-nos dado logo ao inicio um deck com boas cartas e que nos permite fazer boas combinações. Relembramos que em Eternal Wings and the Lost Ocean o sistema de combate levava umas horas até ficar viciante e divertido, pois demorava um pouco a termos cartas decentes. A outra alteração é que em Origins já não temos um deck para cada personagem (houve quem achasse confuso ter três decks na mesa ao mesmo tempo), mas sim um deck global, que toda a party deve utilizar.
Tal como no jogo anterior, Origins também tem Magnus em branco, nas quais podem ser guardadas a essência de inúmeros objetos, desde água, fogo, comida, etc. Este sistema tem a particularidade de, por exemplo, se utilizarmos uma destas cartas brancas para guardar comida, se a deixarmos lá durante muito tempo esta fica podre ou a água potável fica água estagnada. Para além disto, há armas que quando combinadas com alguns elementos (como fogo, por exemplo) ficam mais fortes.
Outro ponto fortíssimo deste título é o som, quer a OST de
Motoi Sakuraba (que na minha opinião, tem em Origins o seu melhor trabalho até à data) quer no voice acting, cuja qualidade é simplesmente irrepreensível, sendo do melhor que podemos encontrar neste meio.
Baten Kaitos: Eternal Wings and the Lost Oceané um RPG excelente, dos melhores da sua geração. Não era perfeito, como poucos jogos o são, mas este Origins conseguiu o feito de corrigir as falhas do jogo anterior e acrescentar aquilo que distingue os grandes jogos dos clássicos intemporais: personalidade e alma, aquilo que se pede a todos os RPG's mas que, infelizmente, raramente têm. Felizmente este clássico tem para dar e vender.
Baten Kaitos Origins é, a meu ver, um dos jogos mais injustiçados e subvalorizados desta indústria. É verdade que surgiu numa fase já muito tardia do ciclo de vida de uma consola que comercialmente teve pouco sucesso e que não chegou à Europa, mas é injusto que um dos maiores RPGs de sempre seja valorizado por tão pouca gente. Para mim é sem dúvida o melhor jogo que a Monolith já fez desde a sua fundação e se considerarmos que esta empresa já nos deu a trilogia Xenosaga ou
Xenoblade facilmente percebemos que estamos realmente perante algo muito especial. Absolutamente essencial.